Seu navegador não suporta java script, alguns recursos estarão limitados. Luiza Brunet diz, em seminário do CNMP, que a sociedade não deve tolerar a violência doméstica - Conselho Nacional do Ministério Público
Violência doméstica
Publicado em 6/12/18, às 17h09.
 
Luiza Brunet e SticaA atriz e modelo Luiza Brunet, que também é ativista na temática da violência doméstica, disse que a sociedade tem de entender que a violência contra a mulher não deve ser tolerada. A afirmação foi feita nessa quarta-feira, 5 de dezembro, em Brasília, durante o “2º Seminário Internacional Brasil-União Europeia: caminhos para a prevenção da violência doméstica contra a mulher”. O evento, promovido pelo Conselho Nacional do Ministério Público e pela União Europeia, foi coordenado pelo conselheiro do CNMP e presidente da Comissão de Defesa dos Direitos Fundamentais, Valter Shuenquener.
 
Na ocasião, Brunet participou da mesa “O olhar da sociedade civil”, presidida pelo conselheiro do CNMP Fábio Stica. Também participaram a antropóloga e colaboradora da ONG Coletivo Feminista Sexualidade e Saúde Isabela Venturoza e a doutora em saúde coletiva pela Universidade Federal de Santa Catarina Anne Caroline Grudtner.
 
Luiza Brunet afirmou que, depois de ter sofrido ato de violência, deparou-se com duas opções: calar-se ou transformar a dor em poderoso instrumento de denúncia. “Optei pelo segundo caminho, não por mim, apenas, mas por aquelas que não têm condições de fazê-lo. Na semana passada, decidi dar um passo importante nessa minha caminhada: fui a Genebra, na sede da Organização das Nações Unidades, e mantive reuniões com o Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos. Em breve, terei mais novidades, mas posso adiantar que estarei engajada em campanhas para permitir que essa voz de alerta seja ampliada no Brasil”.
 
Brunet complementou que a nova geração tem de ser preparada com uma educação capaz de tornar impensável o cometimento de atos de violência contra a mulher. “Está na hora de garantir que tenhamos uma futura geração que entenda o significado da igualdade de gênero e a recusa à violência doméstica”. A atriz concluiu que dados da ONU apontam que 50 mil mulheres são mortas por ano pelos parceiros, o equivalente a 137 mulheres assassinadas por dia.
 
Na sequência, a antropóloga e colaboradora da organização não governamental Coletivo Feminista Sexualidade e Saúde Isabela Venturoza destacou o trabalho realizado pela ONG com homens autores de violência doméstica. Ela explicou que, uma vez por semana, durante quatro meses, em Pinheiros/SP, quinze homens, entre 18 e 79 anos, participam de grupos reflexivos. “Os homens chegam cheios de raiva e de resistência, mas vão percebendo que os grupos servem de espaço de escutas e de conversas. Além de violência doméstica, são abordados temas como paternidade, sexualidade masculina e até violência contra outros homens”.
 
Isabela destacou que os homens saem dos grupos reflexivos aprendendo a expressar seus sentimentos e a resolver conflitos. A antropóloga salientou que a violência não deve ser tratada como uma doença ou como questão individual, mas como questão social e de mudanças de paradigma e de cultura.
 
Por sua vez, a doutora em saúde coletiva pela Universidade Federal de Santa Catarina Anne Caroline Grudtner falou sobre pesquisas feitas por ela em relação ao acompanhamento dos homens autores de violência doméstica por parceiro íntimo. “Quando acompanhamos esses homens, estamos protegendo as vítimas”, explicou.
 
Anne Caroline asseverou que, no Brasil, há várias questões que dificultam o acompanhamento dos homens autores de violência doméstica: políticas públicas ainda ineficientes; mudanças de gestão por questões políticas; desconhecimento sobre serviços similares; necessidade de capacitação continuada de profissionais e escassez de recursos. “Temos de unir forças dos diferentes setores para estruturar uma rede para prevenir a violência doméstica. Não é um fenômeno sem solução, mas precisa ser enfrentado”, finalizou.
 
Encerramento
 
A chefe da Equipe Regional Américas do Instrumento de Política Externa da União Europeia, Maria Rosa Sabbateli, e o conselheiro do CNMP e responsável pelo projeto Diálogos EU-Brasil, Valter Shuenquener, fizeram o encerramento do seminário.
 
Na oportunidade, Maria Rosa enalteceu a parceria entre o CNMP e a delegação da União Europeia na realização do evento e destacou que a UE tem como prioridade combater a violência doméstica contra a mulher. “Sem educar meninos e meninas sobre a igualdade de gênero não podemos avançar nesse combate e não podemos ficar tranquilos até que a dignidade de cada mulher seja respeitada”.
 
O conselheiro Valter Shuenquener também elogiou a parceria entre o CNMP e as instituições envolvidas na realização do seminário e destacou que a violência doméstica contra a mulher é o segundo tema que gera maior a movimentação na ONU ao longo do ano. “Depois da Assemblei-Geral da instituição, que ocorre em setembro, é o maior momento da ONU em relação à troca de experiências na questão da violência doméstica”.
 
Programação
 
Durante todo o dia, autoridades do Brasil, de Portugal, da Áustria e da Espanha debateram e ministraram palestras sobre prevenção da violência doméstica contra a mulher. Na parte da tarde, por exemplo, a ministra aposentada do Supremo Tribunal Federal Ellen Gracie presidiu a mesa com o tema “Boas práticas na União Europeia: foco na prevenção”, que contou com a participação da consultora sênior da Associação à Proteção às Vítimas, de Lisboa, Rosa Saavedra; com a representante da Periphere: Instituto de estudos práticos sobre gênero, da Áustria, Doris Kapeller; e com a secretária-geral do Lobby Europeu de Mulheres na Espanha e membro do Lobby Europeu de Mulheres, da Espanha, Teresa Nevado.
 
Na sequência, a vice-presidente de RH, Jurídico e de Sustentabilidade da ArcelorMittal Brasil, Suzana Fagundes, que também exerce os cargos de conselheira e sócia-fundadora da ONG Will –Women in Leadership in Latin America, falou sobre “A responsabilidade social das empresas na tutela da mulher diante da violência doméstica”. A mesa foi presidida pelo membro colaborador da Comissão de Defesa dos Direitos Fundamentais do CNMP, Maurício Andreiuolo.
 
A “Atuação estatal na prevenção e a relevância de um formulário de risco” foram assunto da mesa seguinte, presidida pela conselheira do Conselho Nacional de Justiça Daldice Maria Santana. Compuseram a mesa, também, a juíza de direito do Estado do Rio de Janeiro Daniella Binato; a delegadachefe da Delegacia das Mulheres no DF, Sandra Gomes; a promotora de Justiça do Espírito Santo Cláudia Regina dos Santos; e a promotora de Justiça do Rio Grande do Norte Erica Verícia Canuto.
 
Veja aqui fotos do evento.
 
Acesse aqui  o vídeo da íntegra do seminário.
 
Foto: Sergio Almeida( Ascom/CNMP).

Secretaria de Comunicação Social
Conselho Nacional do Ministério Público
Fone: (61) 3315-9424
jornalismo@cnmp.mp.br 
Twitter: cnmp_oficial
Facebook: cnmpoficial
Instagram: cnmpoficial
YouTube: conselhodomp