Na condição de presidente do painel, Raquel Dodge lembrou que os ministros convidados ao debate “possuem sob sua relatoria ações importantes acerca do meio ambiente e um relevante histórico de atuação sobre o tema”. Disse, também, que o encontro tinha uma perspectiva socioambiental e estava “estreitamente irmanado em um diálogo de ação conjunta com o Judiciário”.
Em discurso, Dodge ainda destacou a importância de se debater o impacto que os danos ambientais causam à vida, assim como a relevância de uma boa regulação jurídica e intervenção judicial e extrajudicial na área ambiental. Segundo ela, para o Ministério Público é muito importante o diálogo com o STF: “Esse diálogo entre instituições é uma das soluções para a boa aplicação dos dispositivos da Constituição brasileira, bem como dos tratados, acordos e cooperações internacionais”.
Herman Benjamin, por sua vez, defendeu que a importância do debate não se limitava apenas à perspectiva judicial, mas também “ao conhecimento da dogmática jurídica”. O ministro elogiou a destacada atuação de Cármen Lúcia no Direito Público e afirmou que Alexandre de Moraes fez uma análise aprofundada sobre o meio ambiente em suas obras didáticas de Direito Constitucional. “Houve a escolha de dois nomes que representam o que se tem de melhor no direito brasileiro”, disse Benjamin sobre a presença dos ministros do STF.
Ainda sobre a constitucionalização da matéria ambiental, Cármen Lúcia citou alguns artigos da Carta Magna e relacionou a questão ambiental ao direito à saúde e ao desenvolvimento sustentável. Sobre o artigo 225, a ministra deu ênfase ao dever do ser humano de se solidarizar com as futuras gerações: “Não tenho direito de degradar o que meu não é. O constitucionalismo deve se voltar para o que é humano, de modo que temos de realizar a integração de todos os direitos na interpretação constitucional”. Por fim, Cármen Lúcia lembrou que nas ações julgadas no STF tem prevalecido “que é preciso garantir a vedação do retrocesso ambiental para assegurar a dignidade humana”.
Já Alexandre Moraes se disse otimista em relação ao meio ambiente. Para ele, quase todos os países civilizados já tiveram grandes problemas ambientais, e o Brasil está legislativamente e juridicamente preparado para crises ambientais. “Já se avançou muito”, defendeu Moraes. Em relação à Constituição Federal, ele disse que “ao constitucionalizar a proteção ambiental, se permitiu uma dupla proteção: a ambiental e a distribuição de competências”. Segundo o ministro, a Constituição fez bem em destacar em alguns casos a competência da União.
Moraes explicou que a questão ambiental é complexa quando se olha caso a caso e é preciso conscientizar a população: “Precisamos ter uma postura ponderada ou correremos o risco de perder a batalha de comunicação em defesa do meio ambiente”. Assim, o ministro do STF ressaltou a importância de se definir prioridades, para não “banalizar as proteções ambientais”.
Programação
As atividades do “V Seminário Internacional Água, Floresta, Vida e Direitos Humanos” prosseguem durante toda a tarde desta segunda-feira, 26 de novembro, e se estendem ao dia 27 de novembro. Nesta tarde ainda haverá o painel “O Papel das Escolas na Capacitação em Direito Ambiental – Perícia Ambiental, Negociação em Causas Complexas e Ameaças aos Defensores Socioambientais”. Já o painel de encerramento de hoje será presidido pelo conselheiro Lauro Nogueira Machado e tem como tema “Água para o Futuro – Nascentes e Fauna”.
Veja aqui a programação do dia 26.
Veja aqui a programação do dia 27.