A jornalista Délis Ortiz foi a convidada especial da roda de conversa promovida durante a 3ª Conferência Regional de Promotoras e Procuradoras do Ministério Público Estadual, em Goiânia-GO, nesta sexta-feira, 26 de abril. Num bate-papo descontraído com as participantes do evento, Délis falou sobre sua vida pessoal e profissional, revelando os desafios superados como repórter e mulher.
Atração surpresa do evento, a jornalista revelou que, apesar de ter sido considerada uma mulher temerosa, sua mãe é um dos maiores exemplos de força, coragem e inspiração. “Minha mãe casou com um espanhol, de natureza machista. Enquanto meu pai queria que fôssemos da roça, minha mãe queria que estudássemos. Ela nos criou para a vida”, destacou.
Quando indagada pela presidente do CNMP e procuradora-geral da República, Raquel Dodge, se a jornalista acredita que a palavra pode empoderar pessoas, Délis abriu o discurso num tom de brincadeira: “que estranho. Eu que devia perguntar”, arrancando gargalhadas da plateia. “A palavra produz a identidade das pessoas. Quando eu narro a minha história, eu recobro a minha identidade”, afirmou a jornalista, reiterando que todo o caminho percorrido ao longo da vida, apesar de difícil, a tornou a mulher que é hoje.
Raquel Dodge destacou que o papel da imprensa e do Ministério Público são semelhantes, na medida em que buscam a verdade a partir da força de uma narrativa. “Nós exercemos nosso papel com o poder da palavra. E vocês também”, destacou. Dodge reforçou, ainda, a importância de mulheres empoderarem outras mulheres. “Sororidade é estabelecer empatia que nos permita ser como minha vó ou como a mãe de Delis. Não para que elas cumpram um padrão. Mas sim para que elas possam ser o que elas quiserem ser”.
Delis Ortiz foi correspondente internacional da Rede Globo em Buenos Aires de 2011 a 2015. A partir de 2016 voltou ao posto de repórter em Brasília. Antes de ser correspondente, Délis era uma das principais repórteres da emissora na cobertura de política para o Jornal Nacional e, também, atuava com apresentadora eventual do Bom Dia Brasil na capital.
Também participaram do bate-papo, no palco, a secretária de Direitos Humanos e Defesa Coletiva do CNMP, Ivana Farina; a secretária-geral do CNMP, Cristina Melo, e a promotora de Justiça do MP/BA, Lívia Sant’Ana Vaz.
Essa é a terceira roda de conversa promovida pelo projeto. As duas primeiras foram realizadas em Manaus, com a presença de Fafá de Belém, e em Salvador, com participação da cantora Maria Betânia. A atividade faz parte das conferências que reúnem mulheres integrantes do Ministério Público para discutir a equidade de gênero no sistema de Justiça.
Conferência
A 3ª Conferência Regional de Promotoras e Procuradoras é realizada até este sábado, 27 de abril, pela Presidência do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), por meio da Secretaria de Direitos Humanos e Defesa Coletiva e da Comissão de Defesa dos Direitos Fundamentais (CDDF/CNMP), em parceria com a Delegação da União Europeia no Brasil, com as Procuradorias-Gerais de Justiça dos Estados da região Centro-Oeste (Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás) e com a Procuradoria-Geral de Justiça do Distrito Federal.
No evento, estão sendo colhidas manifestações das promotoras e procuradoras de Justiça sobre o fluxo e os obstáculos para ingresso, lotação, permanência, capacitação e movimentação na carreira, refletindo sobre problemas, soluções e boas práticas na busca pela equidade de gênero.
Foto: Ascom/CNMP.