Nos dias 8 e 9 de abril, aconteceu na cidade de Anápolis (GO), o curso presencial sobre "Diálogos e Mediação de Conflitos" - guia prático para educadores. A inciativa, do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), que conta com o apoio dos Ministérios Públicos nos estados, secretarias de educação e organizações não governamentais, tem como foco capacitar professores da rede pública de ensino sobre ferramentas e alternativas de soluções de conflitos nas escolas.
O curso, que envolve metodologias como diálogos restaurativos, perguntas restaurativas, circulos de paz, circulos restaurativos e mediação de conflitos, contou com a participação de 200 técnicos da Secretaria de Educação do Estado de Goiás e das subsecretarias regionais, os quais terão o papel de multiplicadores nas escolas públicas do estado. Cada multiplicador será responsável por disseminar os conteúdos aprendidos no curso aos professores do local.
De acordo com o superintende de acompanhamento dos programas institucionais da secretaria, Erick Jacques Pires, a capacitação aconteceu num momento oportuno, pois, o órgão estava em busca de soluções para diminuir a evasão escolar no estado de Goiás que, em muitos casos, se dá pela violência no ambiente escolar.
A elaboração do guia prático para educadores e a realização de cursos presenciais no Brasil sobre práticas restaurativas nas escolas resultam do planejamento conjunto do CNMP e da Estratégia Nacional de Justiça e Segurança Pública (Enasp), que são idealizadores e articuladores da campanha Conte Até 10 nas Escolas.
As práticas restaurativas sugerem formas diferenciadas para a gestão de conflitos. Elas fogem dos tradicionais padrões punitivos e encaram as divergências como oportunidades de mudança e aprendizagem, ressaltando os valores da inclusão, do pertencimento, da escuta e da solidariedade. Além disso, contribui, efetivamente, para a mudança de cultura e de paradigmas contribuindo, assim, para a promoção da paz nas escolas.
Mapa da Violência
Dados evantados pelo Ministério da Saúde e apresentados no relatório Mapa da Violência 2013 – Homicídios e Juventude no Brasil, destaca a escalada de homicídios contra jovens na faixa etária de 15 a 24 anos: enquanto na população fora dessa faixa etária os homicídios respondem por 3% dos óbitos. Na população jovem, os homicídios respondem por 39,3% das causas de morte desse grupo.
O mesmo Mapa da Violência registra, entretanto, que esses índices são as médias nacionais. Em diversos estados, como Alagoas, Bahia, Paraíba, Rio Grande do Norte, Espírito Santo e Distrito Federal a média de homicídios passa dos 50%.
O Mapa da Violência traz também o levantamento dos cem municípios brasileiros com as maiores taxas de homicídios de jovens. A cidade que figura na 100ª posição da lista, Goiânia (GO), tem taxa de homicídio quase dez vezes maior que o considerado tolerável pela ONU: 10 homicídios por cada grupo de 100 mil. A primeira cidade, Simões Filho (BA), a taxa chega a estratosféricos 378,4 homicídios, com média quase quarenta vezes maior que indicada pela Organização das Nações Unidas (ONU).
Diante das estatísticas, pretende-se que a Campanha Conte até 10 seja divulgada prioritariamente nos cem municípios elegidos como mais violentos contra o jovem, bem como nas 27 capitais brasileiras.
Sobre o guia
O guia "Diálogos e Mediação de Conflitos nas Escolas" foi escrito pelo promotor de Justiça do Estado de São Paulo, Antonio Carlos Ozorio Nunes, que também se viu diariamente desafiado em sala de aula, quando professor da rede pública de ensino por mais de sete anos, ao exercício das habilidades de escuta, comunicação, diálogo e solução consensuada de conflitos.
Sua experiência foi dividida com quase dez mil professores da rede estadual de ensino paulista, por meio de cursos presenciais e a distância, e agora é compartilhada em uma publicação.
No guia constam, ainda, depoimentos de educadores que, estimulados pelas informações nele contidas, protagonizam, com seus alunos, transformações extraordinárias no ambiente escolar, concretizando valores e respeito.