A Comissão de Saúde do Conselho Nacional do Ministério Público (CES/CNMP) publicou, nessa sexta-feira, 12 de novembro, o relatório executivo que apresenta as principais informações relacionadas à pesquisa “Atenção à Saúde Mental de Membros e Servidores do Ministério Público: Fatores Psicossociais no Trabalho no contexto da pandemia de Covid-19”. O estudo, realizado por meio da colaboração entre CNMP, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e Fundação de Apoio à Pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (FAURGS), foi concluído em outubro de 2021.
Como explica o documento, o objetivo geral da pesquisa foi identificar os principais riscos psicossociais, além de elementos relativos à saúde mental de membros e servidores do Ministério Público, em tempos de pandemia da Covid-19, e subsidiar intervenções nos riscos verificados.
Na conclusão do relatório executivo, destacou-se que a pesquisa: “teve a participação, bastante satisfatória, de membros e de servidores, o que possibilitou sua validação estatística”. A participação elevada foi creditada ao incentivo e à divulgação da pesquisa entre o público-alvo, bem como ao interesse dos respondentes em dar voz às suas necessidades, satisfações e insatisfações.
O texto diz ainda que, dessa ampla participação, foram colhidas sugestões para a redução dos riscos psicossociais e para a manutenção e ampliação dos fatores institucionais protetivos à saúde dos membros e servidores. Foi possível mapear o perfil dos respondentes, seu estado de saúde mental e o quanto o ambiente organizacional, a pandemia e a organização do trabalho contribuem para tal estado. “Assim, considera-se que os objetivos estabelecidos inicialmente foram plenamente atingidos”, afirmaram os pesquisadores nas conclusões do trabalho.
Apontou-se, ao final da pesquisa, as bases para o desenvolvimento de políticas de prevenção aos riscos psicossociais e de reforço aos fatores protetivos, elementos importantes para subsidiar a Política Continuada de Cuidados com a Saúde Mental dos integrantes do MP brasileiro, que está sendo apresentada pela Comissão de Saúde do CNMP.
A Pesquisa
A pesquisa, de âmbito nacional, alcançou o número de 4.077 respondentes. Entre os participantes, 82,3% são servidores, 12,7% são membros e aproximadamente 4% são servidores comissionados e estagiários.
A maioria das respostas, o correspondente a 86,5%, foram prestadas por integrantes do Ministério Público Estadual. O restante das respostas corresponderam a 5% do MPT, 2,7% do MPDFT, 1,7% do CNMP, 2,7% do MPF e 0,8% do MPM. Traduzindo esses dados por região, verificou-se uma proporção que garantiu a representatividade estatística da pesquisa: Sudeste – 29,1%, Centro-Oeste – 21,8%, Nordeste – 21,3%, Sul – 18,7% e Norte – 9,1%.
Destaca-se a participação feminina no estudo, uma vez que quase 60% dos respondentes eram mulheres. Os dados mostram que 85,6% dos participantes encontravam-se em risco aumentado para o desenvolvimento de adoecimento mental.
A pesquisa revelou que 73% dos participantes apresentaram humor depressivo ansioso, 52% assinalaram pensamentos depressivos, 56% indicaram possuir sintomas somáticos e 48% apontaram um decréscimo de energia vital.
Além disso, 38,8% dos participantes informaram que iniciaram tratamento de saúde mental após o ingresso na instituição, apontando a situação no trabalho como fator relacionado à busca do tratamento.