Seu navegador não suporta java script, alguns recursos estarão limitados. “Trabalho Infantil Artístico e o Mundo Digital” é o tema de webinar com presença do CNMP - Conselho Nacional do Ministério Público
Infância, juventude e educação
Publicado em 5/5/23, às 09h45.

Rogerio Varela Webinar trab artistico infantil“Não são poucas as crianças que estão perdendo tempo precioso do seu desenvolvimento, repetindo atos na frente de dispositivos eletrônicos para assim provocar milhões de lucrativas interações no ambiente digital”. A fala do presidente da Comissão da Infância, Juventude e Educação (CIJE) do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), Rogério Magnus Varela, revela a preocupação presente no Webinar Trabalho Infantil Artístico e o Mundo Digital, que começou nesta quinta-feira, 4 de maio, e segue até amanhã, 5. O evento é organizado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), com apoio do CNMP, Ministério Público do Trabalho e Justiça do Trabalho.

Além do conselheiro do CNMP, o webinar teve abertura realizada pelo conselheiro do CNJ e presidente do Fórum Nacional da Infância e da Juventude, Richard Pae Kim, e pela procuradora do Trabalho e coordenadora da Coordinfância Nacional do MPT, Ana Maria Villa Real Ferreira Ramos. O evento tem como objetivo discutir e debater sobre o trabalho infantil na internet, seus impactos no desenvolvimento de crianças e adolescentes e sua normatização.

A programação do evento contempla discussões sobre temas que são fundamentais para a elaboração de estratégias por órgãos que têm por missão defender crianças e adolescentes das situações de risco, sejam elas decorrente de ação ou omissão da sociedade ou do estado; causadas por omissão ou abuso dos pais ou responsáveis ou em razão da sua própria conduta, conforme o artigo 98 do Estatuto da Criança e do Adolescente.

Em sua fala, Varela destacou que o CNMP está debruçado sobre esse tema desde o ano passado, por meio do grupo de trabalho composto por quatro especialistas do MP do Trabalho e quatro do MP Estadual. De acordo com ele, o grupo discutiu as novidades trazidas pela Recomendação CNJ 139/2022 e as incorporou em proposição apresentada ao Plenário do CNMP para que os membros do MP sejam orientados, dentre outras providências, a verificar se existe concordância da criança ou do adolescente e a acionar outros órgãos de fiscalização quando houver interesse econômico subjacente à atividade, além de adotar as cautelas já previstas na Recomendação CNMP 24/2014.

“A atuação do Sistema de Justiça é decisiva, é determinante, para que os princípios do melhor interesse e da proteção integral não sejam violados, de modo a colocar crianças e adolescentes a salvo de uma das mais vergonhosas violações de direitos, que é a exploração do trabalho infantil”, disse Varela.

Crianças e adolescentes na internet

O conselheiro do CNJ, Richard Pae Kim, citou dados de uma pesquisa da Unicef e da pesquisa TIC Kids Online Brasil, que evidenciam a grande presença de crianças e adolescentes de até 17 anos na internet. “Essas informações revelam a elevada presença das plataformas digitais na rotina de crianças e adolescentes, sobretudo, no cenário pós pandêmico, o que traz também relevantes preocupações para todos nós”.

Para o conselheiro, a forma como a internet, em especial as mídias sociais, vem sendo utilizadas, acabou por transformar crianças e adolescentes com acesso à rede em potenciais provedores de conteúdo digital, o que, segundo ele, tem gerado conflito de direitos fundamentais. “De um lado, nós temos a liberdade de expressão. Do outro, a proteção prioritária, integral, e a proibição do trabalho antes da idade mínima, além dos potenciais efeitos deletérios do excesso de exposição pública para o desenvolvimento e a saúde psíquica de todos os infantes”, disse.

A procuradora do trabalho Ana Maria Villa Real Ferreira destacou que o trabalho infantil artístico ainda é muito glamourizado pela sociedade, que muitas vezes não vê os impactos associados à saúde biopsicossocial da criança e do adolescente. No primeiro painel do evento – “Histórias de vida”, houve relato de Morgana Secco, mãe da criança Alice Secco, cujos vídeos na internet tornaram-se fenômeno de visualizações. Morgana contou sobre a rotina de Alice e os vídeos feitos com ela e respondeu perguntas da procuradora sobre as gravações cujo destaque é a presença da criança.

Outros painéis

No segundo painel “Panorama do trabalho infantil artístico, proteção integral, limites e possibilidades” com a mediação do conselheiro do CNJ João Paulo Shoucair, houve exposições do procurador do Trabalho Rafael Dias Marques, da advogada e professora Sandra Cavalcante e do juiz do Trabalho Bruno Alves Rodrigues.

Com o tema “Os influenciadores mirins nas plataformas digitais”, o terceiro painel foi mediado pela conselheira do CNJ Jane Granzoto e teve exposições professor, mestre e doutor em Ciência da Computação George Valença e da diretora-executiva do instituto Alana e presidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente da Ordem dos Advogados do Brasil de São Paulo, Isabella Henriques.

O evento prossegue na tarde desta quinta-feira com o quarto painel “Trabalho de Crianças e Adolescentes em Plataformas Digitais na Visão do Sistema de Justiça” e na manhã de sexta-feira, 5, com o quinto painel “Os impactos do trabalho infantil em plataformas digitais no desenvolvimento biopsicossocial de crianças e adolescentes”.

 Confira o webinário.