Seu navegador não suporta java script, alguns recursos estarão limitados. CNMP realiza evento sobre os desafios pós-pandemia da Covid-19 para a saúde mental - Conselho Nacional do Ministério Público
Saúde mental
Publicado em 13/3/23, às 16h52.

10 03 23 evento saude“Estamos no século XXI, mas estamos no tempo da pedra em relação à gestão da emoção. É por isso que somos expostos a inúmeros transtornos emocionais, a fobias, aos riscos de suicídio, à autocobrança, à cobrança excessiva por parte das outras pessoas e ao superdimensionamento de estímulos estressantes”. A afirmação é do psiquiatra, pesquisador e escritor Augusto Cury, durante palestra ministrada no evento “Saúde mental: desafios pós-pandemia", promovido pelo Conselho Nacional do Ministério Público e pelo Ministério Público de São Paulo (MP/SP) nesta sexta-feira, 10 de março, em Brasília.  

O encontro foi iniciativa da Comissão da Saúde (CS) do CNMP, presidida pelo conselheiro Jayme de Oliveira, que conduziu os trabalhos. Também participaram do evento a ex-conselheira e ex-presidente da CS, Sandra Krieger, e os promotores de Justiça e membros auxiliares da comissão, Jairo Bisol e Fernando Pereira.  

10 03 23 gustavao curyEm sua palestra, o psiquiatra Augusto Cury destacou que, “se a nossa saúde vale ouro, ela é inegociável, mas não é assim que tem ocorrido nas famílias, nas empresas e nas instituições sociais. Um olhar atravessado tem um impacto grande, uma crítica injusta é capaz de comprometer a semana, uma decepção mais grave é capaz de ser lida e relida e comprometer meses e até anos da vida de uma pessoa. Então, temos que compreender o psiquismo humano pelo menos minimamente para que possamos exercer de maneira adequada a gestão da emoção a partir do eu como protagonismo da nossa própria história”. 

Além disso, Cury afirmou que o adoecimento psíquico não é mais exceção, é a regra. “O normal é ser estressado, irritadiço, sofrer pelo futuro, ruminar perdas, mágoas e frustrações do passado e ter baixo limiar para superar frustrações. Por isso, o normal tem sido o desenvolvimento de uma série de sintomas como dor de cabeça, dores musculares e taquicardia. Temos de mudar a era do apontamento de falhas para a era da celebração dos acertos, e mudar a era da informação tecnicista para a era do eu como gestor da mente humana”.  

Proposta de resolução  

A segunda parte do evento “Saúde mental: desafios pós-pandemia" foi destinada ao debate sobre a proposta de resolução que institui a Política Nacional de Atenção Continuada à Saúde Mental dos Integrantes do Ministério Público brasileiro

O conselheiro Jayme de Oliveira destacou que o debate teve de ser reduzido, uma vez que o relator da proposta de resolução, conselheiro Moacyr Rey Filho, enviou a proposição de volta à Comissão da Saúde para que sejam analisadas as diversas sugestões encaminhadas por membros e servidores do Ministério Público. “Vamos retomar e convidar os interessados a participar desse debate em outro evento. Agora, a comissão vai estudar todo o material recebido para dar andamento e encontrar um resultado que leve à apresentação de uma política nacional de saúde no ambiente do Ministério Público, especialmente a saúde mental”, disse o conselheiro. 

Na sequência, a ex-conselheira do CNMP e ex-presidente da Comissão da Saúde, Sandra Krieger, contextualizou a realização da pesquisa que serviu de base para a  proposta de resolução que institui a Política Nacional de Atenção Continuada à Saúde Mental dos Integrantes do Ministério Público brasileiro.  

De acordo Krieger, uma instituição do porte do Ministério Público, “ao olhar para a saúde mental e entender a dinâmica do funcionamento dos membros e servidores, possibilita que o trabalho se espalhe não só nos organismos do sistema de justiça, mas também nos demais poderes e em outras instituições”.  

O promotor de Justiça do Ministério Público do Estado de São Paulo e membro auxiliar da Comissão da Saúde, Fernando Pereira, salientou que a ida dele para a comissão ocorreu pelo trabalho desenvolvido no MP/SP na área de saúde mental, a partir da pandemia de Covid-19. “A gente percebeu o adoecimento dos nossos integrantes, o aumento exponencial no número de licenças decorrentes da saúde mental e crises vividas internamente. Isso levou a um olhar do MP para o desenvolvimento afetivo e para uma política nessa área, com a participação dos nossos médicos e psiquiatras”.  

No encerramento do evento, o promotor de Justiça do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios e membro auxiliar da Comissão da Saúde, Jairo Bisol, resgatou temas dos eixos de atuação da comissão no último biênio - saúde mental e desjudicialização da saúde – além do enfrentamento da pandemia de Covid-19. “Parabenizo a ex-conselheira Sandra Krieger, que teve a coragem de tocar um tema tão caro para a instituição, que é o da saúde mental. Além disso, exigiu a realização de um diagnóstico com qualidade e com base científica sólida e, ainda por cima, ofereceu a proposta de resolução”.  

Pesquisa 
A proposição baseou-se nos resultados da pesquisa de saúde mental realizada, em julho de 2021, no contexto da pandemia de Covid-19, pela Comissão de Saúde em parceria com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e sua fundação (FAURGS). Fundamentado em questionários validados cientificamente, o estudo teve a participação de 4.077 respondentes, entre membros, servidores e estagiários do MP em todo o país. 

O levantamento apontou graves situações no MP merecedoras de atenção de gestores e integrantes da instituição. Por exemplo, da amostra de respondentes, 85,6% encontravam-se, na época, em risco aumentado para o desenvolvimento de adoecimento mental. A análise dos sintomas preponderantes apontou que 73% dos participantes apresentaram humor depressivo-ansioso, 52% assinalaram pensamentos depressivos, 56% indicaram possuir sintomas somáticos e 48% apontaram decréscimo de energia vital. 

Assista aqui à palestra.   

Veja aqui outras fotos. 

Fotos: Sergio Almeida (Secom/CNMP). 

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